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       Não tem Hexágono a ambição de esgotar nenhum assunto. O ensaio é longo, sim, mas não em demasia; mais ou menos do tamanho do que costumam ser os artigos acadêmicos. Mas, de propó­sito, escrito numa linguagem não acadêmica.

       É bom que um leitor que nunca leu César Leal, nem Ariano Suassuna, nem Osman Lins, nem Hermilo Borba Filho, nem João Cabral, nem Luís Jardim, encontre no ensaio um guia seguro para uma iniciação. Que acompanhe na cronologia o que houve de principal na vida e na obra do autor, no aspecto intelectual, obviamente. Que encontre na fortuna crítica uma espécie de “sumo”, ou de “síntese” dos muitos exercícios de interpretação sobre o autor. Que  a bibliografia sirva tanto para que conheça o que publicou o autor e alguns dos que se ocuparam de analisar sua obra, mas também como um ponto de partida para que possa realizar a própria pesquisa. Que na entrevista aprenda, de modo mais coloquial e informal, aspectos os mais variados em torno desses escritores que elegemos.

       Conquanto modesta em sua proposição, Hexágono não se limita a listar o mais evidente e reconhecido sobre esses poetas, romancistas, contistas, dramaturgos, cronistas, críticos literários. Sempre que possível, aspectos não óbvios, ou mesmo novos, são trazidos à tona.

       Temos em Hexágono, um convite à viagem com autores que têm também outro ponto em comum: são nacionais e internacionais, a partir de Pernambuco. Não há nisto nem o complexo de cantar ou contar a aldeia para cantar ou contar o mundo, mas a natural ressonância da estética.

       Os críticos convidados a escrever ou conceder depoimentos à revista são, conforme o projeto original, de pelo menos duas gerações. Com isto, ampliamos o horizonte do olhar, de modo a termos pelo menos um esboço de mapa da literatura que se fez e se faz em Pernambuco.

        Uma literatura que se faz com todos os gêneros, como dissemos. Por isso, adian­tamos o boa notícia: a segunda série de Hexágono cuidará de seis autoras, das mais variadas áreas da Litera­tura como o romance, o conto, a crítica literária, o teatro, a poesia e a crônica. Clarice Lispector, Maria do Carmo Barreto Campello de Mello, Celina de Holanda, Francisca Izidora Gonçalves da Rocha, Edwiges de Sá Pereira e Ladjane Bandeira, analisadas também pela crítica conceituada de Pernambuco de, pelo menos, duas gerações.

       Um país se faz com homens e livros: esta frase reverberou em várias gerações. Seria um excelente mote para campanha de incentivo à leitura. Mas talvez, para quem não a ignore, tenha de ser completada: um país se faz com homens, mulheres,

e todos os demais gêneros existentes e por existir, e

com livros, revistas, blogs, websites, redes sociais etc.

       Sim, o mundo, o Brasil e Pernambuco são mais complexos do que nos tempos de Luís Jardim, João Cabral de Melo Neto, César Leal, Hermilo Borba Filho, Ariano Suassuna e Osman Lins. Mas o fato de suas obras continuarem vivas para as novas gerações e o novo século é uma das provas de que alcançaram não exatamente a imortalidade, mas a perenidade de quase clássicos.

       Todos esses seis cavalheiros têm em comum mais do que a indiscutível qualidade de suas obras: o fato de que foi em Pernambuco que nasceram, ou definiram sua vocação para a literatura, e aqui escreveram seus livros, todos ou uma parte deles. Desses, dois foram “pernambucanizados” e “recifencizados”, para usar uma expressão tão cara a Gilberto Freyre. Ariano Suassuna, paraibano; César Leal, cearense, ambos viram e sentiram o que o baiano Castro Alves viu, sentiu e cantou no século anterior ao deles:

“Pernambuco! Um dia eu vi-te

Dormindo imenso ao luar,

Com os olhos quase cerrados,

Com os lábios – quase a falar...

Do braço o clarim suspenso,

– O punho no sabre extenso

De pedra – recife imenso,

Que rasga o peito do mar... “

O mesmo Castro Alves que abençoou quem semeia livros e “manda o povo pensar”.

       Pernambuco tem contado ao longo do tempo com muitas publicações periódicas e esporádicas de literatura, mas muito poucas monográ­ficas. Hexágono preenche não uma lacuna, mas uma necessidade dos novos e velhos leitores: o saber mais profundamente quem foram e o que fizeram esses autores.

       Quando escrevemos “pro­fun­damente” não queremos dizer aquele tipo de abordagem que tem como alvo um público muito restrito, de iniciados. “Profundamente” aqui quer dizer algo mais simples e menos pretensioso: o contrário do superficial. O sério. O concentrado. O dedicado. Mas com uma linguagem a mais clara, didática e atual.

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